
Em meio a tantos problemas ambientais, a Reserva do Juma, no Amazonas é considerada modelo mundial. Ela zerou o desmatamento e promove geração de renda, através da proteção da floresta pelas comunidades locais.
Os dados mais recentes mostram que desde 2008, quando foi implementado o projeto de Redução de Emissão de Gases de Efeito Estufa provenientes do Desmatamento (Redd) na região, não foram registrados novos desmatamentos. A iniciativa, idealizada pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS), foi a primeira das Américas a receber certificado internacional por desmatamento evitado.
“A gente desenvolveu vários estudos. Vimos que se nada fosse feito, de 2008 a 2050, que é o nosso cenário, seriam desmatados quase 66% da área e seria emitido algo em torno de 189 milhões de toneladas de carbono. Esse desenho foi feito com três eixos para tratar os vetores do desmatamento: primeiro um investimento estruturante em geração de renda, programas comunitários e geração de emprego, o segundo, investimento em capacitação e educação formal e o terceiro, desenvolvimento científico e monitoramento”, explica Victor Salviati, coordenador do programa Soluções Inovadoras da FAS.
Guardiões da Floresta
Através de atividades de redução de desmatamento e emissões de carbono, a reserva proporciona créditos de carbono às empresas apoiadoras. Com isso 476 famílias, de 38 comunidades em áreas remotas, são beneficiadas pelo projeto.
Cerca de 2 mil pessoas recebem apoio para a produção de produtos da floresta, como açaí, castanha e pesca artesanal. Além disso, recebem pagamento por seus serviços ambientais, através do Bolsa Floresta.
“Além dos investimentos estruturantes, há os investimentos nas pessoas. A fundação acredita muito que a conservação da floresta está ligada às pessoas, são os guardiões da floresta. Dando oportunidade a essas pessoas de sonhar, dando educação de qualidade, infraestrutura produtiva, capacitação, comunicação e transporte, elas conseguem viver melhor. E quem vive melhor faz a melhor gestão desses recursos naturais”, afirma Salviati.
A Reserva do Juma, além de auxiliar na proteção da floresta, resgatou o orgulho local. “Aqui na nossa reserva [o projeto] é muito importante, muito mesmo porque ajudou muitas pessoas financeiramente a cuidar de onde mora. Vieram muitos projetos para os jovens também. Isso daqui é nosso. A gente tem que cuidar. Eu me sinto bem morando na minha comunidade”, comenta Dona Rosa, representante da comunidade São Felix e membro da cadeia produtiva da farinha.
A Reserva do Juma
Criada em 2006 pelo governo do Amazonas, a Reserva do Juma é gerenciada pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e está em uma área de alto risco de desmatamento.
O projeto pretende evitar, até 2050, a emissão de 190 milhões de toneladas de carbono e o desmatamento de 366 hectares. Até 2015, com o apoio das comunidades locais, 6 milhões de toneladas de gases do efeito estufa foram evitadas.