
Estudo recente mostra que a redução do desmatamento do mogno, na Amazônia, impactou diretamente o número de casos de malária na região. De acordo com a pesquisa, após a implantação da política contra o desmatamento, em 2009, a ocorrência da doença diminuiu significativamente no Pará. A ação que, teoricamente, era para beneficiar a biodiversidade, trouxe melhora significativa na saúde dos moradores da região.
O estudo analisou dados ambientais de 1991 a 2001, quando o Governo Brasileiro lançou a primeira política contra desmatamento do mogno, ao dar a espécie como ameaçada de extinção. Depois, levantou dados na nova política de 2009, quando normas mais rígidas foram estabelecidas, em relação ao desmatamento do mogno.
“O que eu fiz foi usar a diferença destas duas leis em relação ao desmatamento e medir se isso ocorreu também com a malária. Eu precisava observar se antes de 2009 havia uma taxa maior de malária nos municípios com mogno e, em seguida, se ela havia caído após a implementação da nova política. Essa foi a ideia do meu trabalho.”, explica Luiza Karpavicius, economista e responsável pelo estudo, em entrevista ao Escolhas.
De acordo com o estudo, após a nova política de 2009, a incidência de malária a cada 100 mil habitantes caiu pela metade na região.
Política contra derrubada do mogno e diminuição da malária também impactaram a economia
Segundo Luiza, com a nova metodologia implantada, foram economizados mais de R$ 38 milhões entre 2009 e 2016.
“Podemos dizer que o plano de monitoramento do desmatamento trouxe um benefício indireto que foi a redução da taxa de malária. Com base nos coeficientes que foram gerados conseguimos saber quantos casos de malária isso representa e estimar também quanto o governo conseguiu economizar com a diminuição dos casos da doença. […] Os resultados mostram como as coisas estão muito relacionadas e como uma política pública pode ter um custo/benefício escondido e que pode até ser determinante em uma decisão para implementá-la ou não.”, explica a economista.
O trabalho foi apresentado por Luiza em junho na Inglaterra, em um dos principais eventos anuais de economia ambiental do mundo, a 24ª Conferência Anual da European Association of Environmental and Resource Economists (EAERE), em Manchester.
Com informações do Instituto Escolhas