
A cada dois anos a WWF apresenta o seu relatório sobre a biodiversidade da Terra, o Planeta Vivo. Na última edição divulgada no dia 30 de outubro, o Brasil recebeu grande destaque no documento, porém não foi por uma boa causa. Segundo o relatório, por ano, 1,4 milhão de campos de futebol de área verde desaparecem do mapa, o que totaliza 20% da floresta amazônica já destruída.
Áreas verdes dão cada vez mais lugar às pastagens. Ao todo, uma região maior do que dois Estados de São Paulo foi destinado à pecuária.
O problema também se expande ao Cerrado, que já perdeu 50% de sua cobertura original, impactando, além da flora e fauna, na capacidade hídrica do país, já que abriga importantes mananciais que abastecem as bacias hidrográficas de todo o país.
“As metas [do Acordo de Paris] precisam ser revistas a partir de 2020 e é importante que os países signatários de fato internalizem esses acordos dentro de suas políticas internas. Por exemplo, um dos temas é a necessidade de ter pelo menos 17% dos ecossistemas em áreas protegidas, que são importantes para a conservação dessa biodiversidade. O Brasil tem ainda um grande percurso nesse aspecto. No cerrado são 8% do território protegido, no pantanal são apenas 2% de áreas protegidas”, comenta Julio Cezar Sampaio, coordenador do programa Pantanal e Cerrado da WWF-Brasil.
Planeta Vivo
O relatório utiliza dados de 19 organizações internacionais e envolve mais de 50 pesquisadores para obter os seus resultados. O trabalho apresenta, a cada dois anos, como anda vida do planeta.
“Nos últimos anos, esse relatório tem mostrado um grande declínio dessas formas de vida, essas espécies que vêm desaparecendo em função principalmente do uso que o homem faz da superfície do planeta e da forma como nós exploramos os nossos recursos naturais”, explica Sampaio.
Os dados mostram que 75% das terras do planeta já foram impactadas pela ação humana; as populações de água doce tiveram redução de 83% desde 1970; o habitat para os mamíferos teve uma redução de 22%; o risco de extinção tem acelerado para diversas espécies; e a quantidade de biodiversidade original caiu de 81,6% em 1970 para 78,6% em 2014.
Segundo o relatório, os seres humanos já ultrapassaram os limites de segurança no que se refere às mudanças climáticas, à integridade da biosfera, aos fluxos biogeoquímicos de nitrogênio e fósforo, além das mudanças no sistema terrestre. “A saúde planetária, a natureza e a biodiversidade estão em declínio acentuado, prejudicando a saúde e o bem-estar das pessoas, espécies, sociedades e economias em todos os lugares”, alerta.