
Em 13 de maio de 1888 a princesa Isabel assinava a lei que transformava todos os negros escravizados passaram a ser cidadãos brasileiros. Pelos livros de história mais superficiais, acreditamos que neste momento um período de limitações sociais se findava. Os negros deixavam de ser cativos e submissos, para adquirir capacidade civil, liberdade e emancipação. Mas com um olhar mais atento sobre este fato, não torna-se difícil descobrir que a realidade era totalmente diferente.
O 13 de maio significou, verdadeiramente, muito pouco ou quase nada para os negros. A escravidão acabou, legalmente, porém os direitos e a igualdade estavam longe de ser vistos. A lógica segregacionista dos critérios raciais se mantinha, ou melhor, se mantém até hoje. Não é difícil encontrar exemplos dessa segregação, quando um político presidenciável narra sua visita a um dos principais quilombos do país, durante uma palestra, da seguinte forma “O afrodescendente mais leve de lá pesava 7 arrobas. Não fazem nada. Nem para procriar ele serve mais”. O discurso por si só já é totalmente formado por preconceitos, mas não é uma exclusividade do político. É fácil perceber isso quanto toda a sala pra quem ele se dirigia cai na risada com o relato e mais fácil ainda quando milhares de pessoas criticam a Procuradora Geral da República que o denunciou pelo crime cometido.
A resistência muito além do 13 de maio
Durante todo o Brasil Colônia, entre 1530 e 1815, os quilombos serviram de refúgio para escravos que se rebelavam contra os “seus senhores”. Mas hoje, os quilombos que resistiram, e que estão por todo o Brasil, são os mais importantes pontos de preservação da cultura negra e africana. Em 2014, a Horizonte visitou o Quilombo de Ivaporunduva, no Vale do Ribeira (SP) e conversou com o Benedito da Silva, mais conhecido por ‘Ditão’, sobre asua ligação com a terra e a relação dos negros com a sua origem, confira:
A relação dos quilombolas com a terra também pode ser vista na matéria “Um quilombo em festa”. Que mostra a vila de Vão de Almas, em Goiás, onde os kalunga comemoram a hora da colheita com dança e alegria. Mas sem perder o espírito combativo dos primeiros escravos fugidos que criaram a maior nação quilombola do Brasil.
O caminho para a igualde
Muito ainda há que se percorrer para que o preconceito seja vencido e haja igualdade de oportunidades para os negros no Brasil.
Existem diversas formas de ajudar nesta transformação. Uma delas é através do Baobá – Fundo para a Equidade Racial, que foi implantado em março, com uma doação de 10 milhões de dólares da Fundação Kellogg. Cada doação nova receberá um novo aporte dessa fundação, no triplo se o donatário for empresarial, e em dobro se o doador for pessoas física. Os rendimentos do fundo serão utilizados para promover a equidade racial no Brasil .